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Espírito Santo

Selo Fairtrade: conheça o projeto que identificará produtos do Comércio Justo

Fundamentos da proposta foram apresentados pela Clac e BRFAIR na Semana Internacional do Café, em Belo Horizonte


22/12/2022 11:56 - Por Síntia Ott
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Produtos com o selo Fairtrade. Foto: divulgação Cafesul

Promover uma cafeicultura economicamente viável, com relações de trabalho justas e de maneira sustentável. Esse é o objetivo de um movimento denominado Comércio Justo (Fairtrade, em inglês), uma alternativa ao comércio convencional e que coloca a dignidade das pessoas e o cuidado com os recursos naturais em primeiro lugar.

Somente produtores que aderem a esse modelo de comércio podem ser certificados como Fairtrade. Na América Latina e no Caribe, o movimento é representado pela Coordenadora Latino-Americana e do Caribe de Pequenos Produtores e Trabalhadores do Comércio Justo (Clac), rede que representa todas as organizações certificadas em sua área de abrangência.

Há também uma entidade voltada especificamente para o Comércio Justo brasileiro, a Associação das Organizações de Produtores Fairtrade do Brasil (BRFAIR), que hoje é composta por organizações produtoras de café e suco de laranja.

Tanto a Clac quanto a BFAIR marcaram presença na Semana Internacional do Café (SIC) de 2022, que ocorreu entre os últimos dias 16 e 18 de novembro, em Belo Horizonte (MG). As organizações foram representadas por Renato Theodoro, integrante do conselho de diretores da Clac para assuntos relacionados ao café e presidente da BRFAIR. Theodoro é também presidente da cooperativa de cafeicultores Cafesul, localizada no Sul do Espírito Santo e certificada como Fairtrade.

De acordo com a liderança, a participação das organizações Fairtrade na SIC teve como objetivo lançar os fundamentos de um projeto chamado Sul-Sul, desenvolvido internamente na Clac com o apoio da BRFAIR. A ideia central da proposta é identificar os alimentos produzidos com base no Comércio Justo com um selo Fairtrade. Os produtos começarão a ser licenciados já a partir de 2023.

“Na SIC apresentamos o nosso projeto piloto de comercialização de produtos com o selo Fairtrade, não só para café, mas também outros produtos, como suco de laranja e vinho.  Existem, ainda, outros produtos que devem entrar nesse portfólio no futuro, como cacau, frutas secas e castanhas. A ideia é fazer esse piloto no Brasil, que é o maior país da América Latina, para depois podermos expandir para países vizinhos. Queremos exportar produtos certificados para os nossos parceiros comerciais e vice-versa. Isso vai servir como uma referência para outros países que também queiram implantar o modelo”, detalha Theodoro.

O projeto surgiu durante a pandemia, em observação aos problemas logísticos enfrentados pelas organizações Fairtrade ao exportarem para a Europa e os Estados Unidos, atualmente os maiores consumidores dos produtos certificados pela rede de Comércio Justo. “Chamávamos isso de comércio Sul-Norte, e sentimos a necessidade de termos mercados mais próximos. Por isso, elaboramos o projeto Sul-Sul”, contextualiza o presidente da BFAIRe  da Cafesul.

Durante a SIC o público pôde conhecer o projeto em um estande personalizado da Clac e das organizações Fairtrade. Também foram contempladas na programação do evento um fórum com o tema “Sustentabilidade e          qualidade: construindo um futuro justo”, a premiação da oitava edição do Golden Cup - que premia cafés Fairtrade – e outras ações destinadas à divulgação do selo.

A Cafesul aproveitou a feira para lançar duas edições especiais dos cafés vencedores do último concurso de café orgânico da cooperativa. As embalagens da linha de lançamento já vieram com o selo Fairtrade aplicado, e há outros produtos da cooperativa licenciados.

“Ainda não aplicamos o selo em todos os nossos produtos licenciados porque temos um estoque de embalagens remanescentes para consumir, mas a próxima remessa que encomendarmos já vai sair com a aplicação”, informa o presidente da Cafesul.

Além do selo, a semana foi marcada pelo lançamento da quarta edição do Guia do Café, um manual internacional com informações sobre o mercado cafeeiro. Há versões em inglês, português e espanhol e, em breve, a publicação estará disponível em formato digital, no site do International Trade Centre (ITC).

 

COMO O SELO VAI FUNCIONAR?

Uma empresa ou indústria que queira fazer uso do selo Fairtrade nas embalagens dos seus produtos deverá adquirir uma licença junto à Fairtrade internacional. O selo trará benefício não somente para os produtores certificados, mas também para os compradores que beneficiam e revendem esses alimentos.

“A licença vai permitir a aplicação do selo em embalagens desde que a empresa adquira produtos de cooperativas e associações que sejam certificadas Fairtrade. A Cafesul, por exemplo, vende para duas indústrias no Brasil. Uma dela é a Cacique, que produz solúvel para outros fabricantes”, explica Renato Theodoro.

O selo Fairtrade também não impede o uso concomitante de outras identificações nas embalagens. “A Cafesul usa o selo da agricultura familiar, o carimbo SomosCoop e o selo da Indicação Geográfica (IG) do conilon nas suas embalagens. Não existe nenhum impeditivo para isso. Na verdade, ao colocamos mais um selo de credibilidade no nosso produto, uma nova porta do mercado se abre para nós”, garante Theodoro.

Serão desenvolvidas ações de marketing no mercado brasileiro para mostrar os valores que o selo carrega. A Cafesul já possui iniciativas do tipo ao divulgar os cultivos sustentáveis dos seus cooperados, além de informar à sociedade o uso que faz dos prêmios recebidos por saca de café Fairtrade vendida. Atualmente, a cooperativa investe esses recursos em prol dos cooperados.

Confira os produtos com o selo aplicado:


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Fonte: Sistema OCB/ES

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