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Espírito Santo

Mulheres que inspiram: conheça a trajetória de duas lideranças que atuam em coops educacionais

Queila Zorzanelli e Loreda Venturim encontraram um propósito profissional no cooperativismo e na educação


08/03/2024 13:45 - Por Síntia Ott
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As mulheres estão cada vez em maior peso nas cooperativas capixabas. Elas já representam 59,4% dos colaboradores, somam 40,4% dos cooperados pessoas físicas e ocupam 51,2% dos cargos de gestão e liderança nesse modelo de negócio (saiba mais). Porém, muito mais que nos números, a relevância do público feminino fica evidente ao conhecermos as histórias de mulheres que estão construindo a sua carreira no cooperativismo.

Por isso, neste texto você irá conhecer a trajetória de duas lideranças femininas que atuam em cooperativas educacionais no Espírito Santo. Embora tenham conhecido o cooperativismo em momentos distintos de sua vida, elas têm em comum o apreço aos diferenciais do movimento coop e valorizam, principalmente, o aspecto democrático desse modelo societário e sua capacidade de beneficiar o coletivo.

A seguir, inspire-se com os relatos dessas mulheres que encontraram acolhimento e oportunidades de crescimento em cooperativas e saiba quais são os desafios que elas enfrentaram ou ainda encontram para exercer seu papel de liderança feminina.

 

Queila Zorzanelli, diretora pedagógica da CEL

Queila Zorzanelli, diretora pedagógica da CEL. Foto: arquivo pessoal.

A minha trajetória no cooperativismo está intimamente ligada à minha trajetória de vida como mãe e profissional da educação”, revela Queila Zorzanelli, diretora pedagógica da Cooperativa Educacional de Linhares (CEL). Ela foi uma das fundadoras da escola e confiou a essa instituição a formação dos seus filhos, pois buscava uma educação mais humanizada para eles.

Entre 2002 e 2007, Queila atou como coordenadora pedagógica na CEL. A partir de 2016, após se aposentar do seu trabalho na rede estadual de ensino, ela retornou para a cooperativa assumindo a função de diretora pedagógica, cargo que ocupa até hoje.

Assim como o de muitas outras mulheres, seu dia a dia exige que ela seja multitarefas: há mais de 40 anos ela é esposa, cuida de sua mãe de 91 anos, se dedica aos seus filhos e netos, é diretora do conselho de ensino da igreja que frequenta, é professora e conduz a direção pedagógica da CEL.

Conciliar tantas tarefas é ainda mais desafiador quando existem barreiras para as lideranças femininas exercerem plenamente os seus papéis. Para Queila, os principais empecilhos são a desigualdade de gênero e a sobrecarga de trabalho, o que a faz estar constantemente em busca do equilíbrio entre a vida pessoal e o trabalho. 

“A liderança feminina no cooperativismo traz consigo implicações significativas, muitas vezes moldadas por desafios históricos e culturais, bem como pelas oportunidades emergentes. Pode envolver enfrentar desafios específicos de gênero, mas também oferece a oportunidade de promover a diversidade, a equidade e o empoderamento feminino dentro das cooperativas e na sociedade em geral”, pondera.

Queila acredita que a cultura organizacional inclusiva pode eliminar os preconceitos e obstáculos ainda enfrentados pelas mulheres. “A educação, por ser um território predominantemente feminino, facilita vivenciar a liderança com menos desafios”, exemplifica.

O ambiente solidário e o fato de seus valores pessoais irem de encontro aos princípios do coop foram as razões para Queila escolher esse modelo de negócio para trabalhar. "Minha relação com o cooperativismo é um compromisso com a colaboração, a solidariedade e o desenvolvimento de uma sociedade mais justa e igualitária", reflete.

Para ela, o fato de ocupar um cargo de liderança inspira e encoraja outras mulheres a desempenharem esse papel e assumirem o protagonismo na esfera profissional. “O legado que espero deixar na CEL é multifacetado e inclui a promoção da igualdade de gênero, a criação de uma cultura organizacional inclusiva, o fortalecimento da cooperação e solidariedade entre os membros e a contribuição para o sucesso econômico e social duradouro da cooperativa”, conclui.

 

Loreda Venturim, presidente da Coopeducar

Loreda Venturim, presidente da Coopeducar. Foto: arquivo pessoal.

Para Loreda Venturim, o cooperativismo é algo que vem de berço. Seu pai foi eleito presidente da primeira cooperativa financeira de Venda Nova do Imigrante, em 1996.  “Papai sempre foi de ajudar a todos, independentemente de quem, onde e quando. Uma cooperativa não é diferente, onde uns ajudam e cooperam com os outros para o bem comum, onde cada um faz o que pode e é capaz”, recorda Loreda Venturim, presidente da Coopeducar.

“Não sei se escolhi ou fui escolhida [pelo coop], mas sempre busquei ajudar com o que posso em qualquer causa ou movimento que acredito. Na Coopeducar não foi diferente, porque mesmo não estudando lá quando criança, ao colocar meu filho para estudar na escola me identifiquei com o local e com as pessoas. Quando percebi, já estava como presidente”, completa.

Além de presidir a cooperativa educacional, Loreda administra um hotel da família junto com a sua irmã. No que se refere à liderança, ela avalia que as mulheres possuem a habilidade de transmitir mais leveza e sensibilidade aos liderados, especialmente no segmento educacional.

No dia a dia, a presidente da Coopeducar tem uma tarefa que requer habilidade: cuidar das contas e, ao mesmo tempo, garantir aos alunos um ensino de qualidade. Por isso, ela precisa zelar pelo equilíbrio entre as despesas e o investimento em melhorias na escola. A condução das atividades à frente da cooperativa, somada à dedicação de toda a equipe e parceiros, é o que mantém a instituição em constante evolução.

“Nesses anos à frente da Coopeducar, mostramos uma cooperativa mais transparente, equilibrada e muito forte. Temos alguns parceiros que nos apoiam nesta jornada, como o Sistema OCB/ES e o Sicoob, que nos ajudam sempre que solicitados”, reconhece.

Apesar dos desafios que a função de liderança implica, Loreda sabe que seu protagonismo vale a pena, pois motiva outras mulheres a tomarem a frente em muitas iniciativas. No entanto, na sua visão, a insegurança ainda é um impeditivo. “Muitas mulheres se inspiram [em mim], mas muitas vezes elas têm medo e acham que não serão capazes. Queria poder inspirar mais”, desabafa.

Contudo, fazer parte do cooperativismo é o seu combustível para continuar motivando outras pessoas. Isso fica evidente pela forma como ela enxerga o modelo de negócio. “Exercer o cooperativismo é proporcionar o bem-estar coletivo, mas também o pessoal”, conclui Loreda.


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Fonte: Sistema OCB/ES

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