No dia 25 de julho, celebramos o Dia Internacional da Agricultura Familiar. Essa data foi instituída pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) em 2014. O objetivo do dia é reconhecer a importância da atividade para a produção de alimentos, geração de renda no campo e promoção do desenvolvimento sustentável.
Mas afinal, o que é a agricultura familiar? Trata-se de um modelo produtivo desenvolvido em pequenas propriedades rurais, conduzidas por grupos familiares, com mão de obra predominantemente própria e produção em menor escala. No Brasil, esse modelo representa 77% dos estabelecimentos agrícolas do país, segundo o último Censo Agropecuário do IBGE, realizado em 2017.
Os números expressivos mostram a força do segmento, e existe um modelo de negócio que tem um papel fundamental para sua expansão e fortalecimento: o cooperativismo. O censo do IBGE indica que aproximadamente 410 mil das quase 4 milhões de propriedades da agricultura familiar pertencem a produtores associados a uma cooperativa.
Ou seja, cerca de 10% dos estabelecimentos da agricultura familiar estão ligados ao coop. E é aí que surge uma pergunta: quais vantagens um pequeno agricultor obtém ao se associar à uma cooperativa do Ramo Agropecuário?
Neste artigo, vamos te mostrar isso por meio da história fictícia do Sr. João, produtor rural do interior do Espírito Santo que cultiva hortaliças na sua pequena propriedade. No dia a dia, ele conta apenas com a ajuda dos dois filhos e da esposa para cuidar da produção.
Sr. João enfrenta desafios, mas sua vida começa a mudar com a ajuda de uma cooperativa! Leia até o final e descubra as cinco vantagens que transformaram a realidade da família.
1. Escoamento dos produtos e acesso a novos mercados
Sr. João vendia seus produtos na feira do município, que acontecia apenas uma vez por semana, limitando o seu poder de venda. Os vizinhos também tinham hortas, o que reduzia o potencial de compradores.
Com o manejo adequado e a fertilidade do solo, a produção da propriedade da família do Sr. João aumentou significativamente. No entanto, o agricultor não conseguia aproveitar esse ganho porque, além da falta de mercado, ele também não tinha um espaço adequado para armazenar a colheita.
Diante da dificuldade de escoamento das hortaliças, Sr. João decidiu procurar uma cooperativa agropecuária da região. Lá, ele foi bem recebido, conheceu o estatuto social da coop e decidiu aproveitar a oportunidade. Ele integralizou seu capital para se tornar cooperado.
Depois que Sr. João se tornou cooperado, a vida da família mudou completamente. Eles passaram a entregar a produção diretamente à cooperativa, que busca os alimentos diariamente e estoca no armazenamento da sede. Com a logística da coop, o agricultor conseguiu fazer com que seus produtos chegassem a lugares antes inimagináveis.
Os produtos passaram a ser vendidos em feiras de municípios vizinhos e também foram destinados à merenda escolar, após a cooperativa vencer uma licitação pública. Assim, as hortaliças da família passaram a alimentar diversas crianças e adolescentes.
Percebe a vantagem? Ao se associar a uma cooperativa, produtores da agricultura familiar têm acesso facilitado a novos mercados, o que resulta em aumento de renda e dignidade.
2. Assistência técnica e capacitação constante
Com o aumento da produção e o acesso a novos mercados, Sr. João percebeu que precisava melhorar ainda mais a qualidade dos seus produtos. Ele sabia plantar, mas nunca teve acesso a técnicas mais modernas de cultivo, controle de pragas e irrigação.
Foi então que a cooperativa ofereceu algo inédito para ele: assistência técnica especializada. Engenheiros agrônomos e técnicos agrícolas passaram a visitar a sua propriedade com frequência, orientando sobre o uso correto de insumos, rotação de culturas e manejo sustentável.
Além disso, toda a família passou a frequentar a sede da cooperativa. Lá, eles têm a oportunidade de realizar diversos cursos. Sr. João aprendeu mais sobre práticas agrícolas; sua esposa participou de palestras sobre planejamento e organização financeira; e seus filhos se integraram ao grupo de jovens, participando de encontros sobre sucessão familiar no campo.
Com os conhecimentos adquiridos e o apoio técnico especializado, a produção melhorou e a vida familiar ficou mais organizada. A renda aumentou e a gestão financeira permitiu uma grana extra para momentos de lazer. Essa é uma das grandes vantagens das cooperativas: elas investem na educação, formação, informação e bem-estar dos cooperados.
3. Redução de custos por meio da compra coletiva
Após conhecer novas técnicas e tecnologias que estão sendo adotadas no campo, Sr. João percebeu a necessidade de comprar novos insumos e ferramentas. Assim, seria possível adotar as práticas mais modernas e atuais no cultivo das suas hortaliças.
No entanto, ele constatou que os custos com sementes, fertilizantes orgânicos, defensivos, gotejadores e pulverizadores elétricos pesariam no orçamento da família. Foi aí que a cooperativa entrou em ação novamente. Como organização coletiva, ela realiza compras em grande escala e diretamente com fornecedores, o que garante preços mais acessíveis do que os praticados no varejo.
Sr. João passou a adquirir tudo que precisava por meio da cooperativa, com descontos e condições de pagamento facilitadas. Além disso, ele pôde contar com a orientação técnica para escolher os produtos mais adequados para a sua plantação, evitando desperdícios e gastos desnecessários.
Essa economia fez toda a diferença. Com os custos reduzidos, a família conseguiu fazer outros tipos de investimentos. A cooperativa não apenas a ajudou a vender melhor, mas também a produzir com mais eficiência e menos gastos.
4. Maior acesso a créditos e financiamentos
Com a produção em expansão e o escoamento dos produtos fluindo, Sr. João começou a sonhar mais alto. Ele queria ampliar a área cultivada, investir em um sistema de irrigação moderno e construir uma pequena estufa para proteger as hortaliças em épocas de chuva intensa. Mas, como muitos agricultores familiares, ele não tinha capital suficiente para isso.
Com o apoio da esposa, Sr. João foi buscar orientação na cooperativa e foi apresentado a uma solução que mudaria tudo: solicitar ajuda a uma cooperativa de crédito da região, da qual ele também era associado. As duas cooperativas eram parceiras e, por meio do princípio da intercooperação, ofereciam uma série de benefícios aos seus cooperados.
Após contatar a cooperativa de crédito, Sr. João acessou uma linha de financiamento rural com juros mais baixos, menos burocracia e condições adaptadas à sua realidade. Ele também participou de uma oficina sobre educação financeira promovida pelas duas coops e, com apoio técnico, elaborou um plano de investimento. Em pouco tempo, fez as melhorias na propriedade.
Mais do que dinheiro, ele recebeu confiança e suporte. Sr. João e a família perceberam o poder da intercooperação na prática e notaram que fazer parte do movimento cooperativista traz ainda mais vantagens do que eles imaginavam.
5 - Fortalecimento do setor e representação institucional
Apesar da importância da agricultura familiar, políticos da cidade do Sr. João não reconheciam sua relevância e estavam defendendo que os investimentos deveriam se concentrar nos grandes produtores. O discurso ganhou força e preocupou os agricultores, pois poderia influenciar o poder público a reduzir os recursos destinados a programas essenciais para a agricultura familiar.
O cenário trouxe incertezas para a família de Sr. João, mas eles não estavam sozinhos. A cooperativa da qual ele era associado agiu de forma rápida e estratégica. Ela mobilizou os cooperados, articulou com outros parceiros, reuniu dados e promoveu um diálogo com o poder público. Uma carta aberta foi redigida, evidenciando o impacto social e econômico da agricultura familiar.
Com esse esforço, o discurso que desfavorecia a agricultura familiar perdeu força. Os recursos foram mantidos e foram anunciadas novas medidas de apoio ao segmento. Sr. João, que antes se sentia vulnerável, agora via sua realidade defendida em espaços de poder. A cooperativa mostrou que, além de produzir e comercializar, ela representa e protege os seus associados. Isso, para ele, foi a maior colheita de todas.
Atuação das coops capixabas
Viu só como as cooperativas oferecem vantagens para os agricultores familiares? Por mais que seja fictícia, a história do Sr. João e da sua família é mais comum do que você pode imaginar! No Espírito Santo, milhares de famílias são impactadas pela atuação de cooperativas agropecuárias da agricultura familiar, as conhecidas CAFs.
Nosso estado possui sete cooperativas desse segmento. São elas:
- Coopervidas - Cooperativa de Valorização, Incentivo e Desenvolvimento Agropecuário Sustentável
- Coopram – Cooperativas de Empreendedores Rurais de Domingos Martins
- CAF Serrana - Cooperativas dos Agricultores Familiares da Região Serrana do Espírito Santo
- CAFAC – Cooperativas dos Agricultores Familiares de Afonso Cláudio
- CAFC – ES – Cooperativa de Agricultura Familiar de Cariacica
- Coopaf – Cooperativa dos Agricultores Familiares de Colatina
- Clac – Cooperativa de Laticínios de Alfredo Chaves
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